quinta-feira, 26 de maio de 2011

SpaceBlooks: Toinho Castro entrevista Robert Shearman

Como todos sabem, e esperam ansiosamente, o SpaceBlooks acontece nos próximos dias 30 e 31 de maio e 1 de junho, às 19h, na Blooks, com a participação do autor ingês, roteirista da série de TV Doctor Who e os escritores brasileiros Lúcio Manfredi e Pedro Vieira. Para começar nossa contagem regressiva trazemos hoje uma entrevista (feita por email) com Robert Shearman, que fala de Doctor Who e dos seus contos. Com vocês, Mr. Robert Shearman!


Hoje em dia temos muitas séries de ficção científica na tv. Série americasn como Lost, Fringe, Flashfoward ou inglesas, como Doctor Who e Outcasts. O que você pensa da relação entre a cultura sci-fi e a televisão?
Eu acho essencial. A ficção científica na literatura tem algo de gueto, porque sua natureza especulativa é questionadora e intelectual, portanto não muito popular. A maior parte da ficção, eu diria, existe para reassegurar e entreter – a ficção científica deve sempre entreter, mas é melhor quando quer desafiar e apresentar novas ideias. O que a TV faz com a ficção científica é transformá-la em algo que uma pessoa média pode esbarrar enquanto pula de canal em canal – pessoas que dispensariam esse gênero na forma de um livro podem se sentir envolvidos quando isso é oferecido visualmente. Eu suponho que isso mude a natureza do é ficção científica – que ela também se torna algo  que reassegura. Mas se isso é feito de uma maneira inteligente, eu acho que encoraja o telespectador passivo a começar a questionar a natureza da realidade de um jeito que ele nunca esperou. Lost foi vendido como um programa de mistério numa ilha deserta e no final estava lidando com viagens no temp e múltiplas realidades; Doctor Who se vendeu como um programa leve para crianças, mas brinca com conceitos cada vez mais amplos e ousados.

Como uma série como Doctor Who, tão desafiadora, consegue ficar no ar tanto tempo e sempre nos surpreendendo?!
Doctor Who é um programa extraordinário porque não pertence a um único escritor. Começou em 1963, e foi concebido como algo para divertido e educativo para crianças – mas como não havia tentativas iniciais de explicar quem era o Doutor ou de onde ele veio, a série pode crescer e se desenvolver no seu próprio ritmo. Não foi antes de 1969 que veio a ideia de que ele era um Senhor do Tempo – numa história escrita muito depois que os escritores originais já haviam deixado a série! O prazer de Doctor Who, nesses 48 anos, é que nunca, de ano para ano, é o mesmo programa – diferentes pessoas o dirigem e o conduzem a novas direções, guiados por sua própria imaginação. Nenhum estilo é definitivo – foi um programa de horror em 1975, comédia em 1979, uma fantasia para crianças em 1978, romance em 2006. Agora, em 2011, é um grande quebra cabeças com um enorme arco de história, como Lost. E mudará novamente!

Fale-nos um pouco do seu trabalho de literatura, como seus contos.
Eu comecei no teatro; escrevia peças para público dos feriados de verão. Mas havia uma estranheza que rasteja dentro delas – podiam ser sobre um casal que criava um amigo imaginário, ou sobre pessoas encontrando com suas versões mais jovens num hotel deserto. Havia sempre um elemento de ficção ou fantasia no que eu estava fazendo, mesmo que eu não percebesse isso naquela época. Após trabalhar em Doctor Who eu comecei a receber  (inesperadamente) convites para escrever contos e me apaixonei. Eu acho que minhas histórias tem uma grande natureza cômica, mas elas começam com estranhas especulações. Minha primeira coletânea, Tiny Deaths, ganhou o World Fantasy Award e isso só me empolgou mais. Meu livro mais recente, Love Songs for the Shy and Cynical, que ganhou o Shirley Jackson Award e o British Fantasy Award, é uma coletânea de história sobre amor, mas um amor muito estranho – o Demônio escrevendo ficção romântica, um porco no Jardim do Paraíso compondo a primeira canção de amor, uma espeosa voltando para o seu marido com o coração dentro de uma caixa.  Eles são muito peculiares e um pouco horríveis e, espero, tocantes. Minha nova coletânea, Everything’s Just So Special, será publicada em julho, e são estranhos contos sobre história e memória e de como somos definidos por ambos. Estou muito animado com isso.

Você já esteve no Brasil? Qual a sua expectativa em relação a esses encontros no Rio e São Paulo?
É minha primeira vez no Brasil e estou muito ansioso. Cada país, claro, tem sua própria cultura, e tem o prazer de viajar é descobrir como um lugar pode ser diferente de sua casa. Mas a coisa engraçada da ficção científica é como ela nos une a todos. É algo muito poderoso. Então, assim como espero aprender o quanto um país pode ser diferente, espero também encontrar outros escritores e pessoas influenciada pela ficção científica com quem eu tenho tanto em comum, sem importar que a gente viva milhares de quilômetros separados!

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